sexta-feira, 21 de outubro de 2016

One Of These Mornings

sábado, 15 de outubro de 2016

Ando perdida de amores por Eugénio de Andrade

{Re} descobri Eugénio de Andrade há uns poucos de anos, a propósito deste poema:

«Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.».

Fui explorando melhor a obra. Esta semana entrei num alfarrabista à procura da 1ª edição de um livro dele: «O outro nome da terra» para oferecer. Perdi-me à conversa com uma rapariga que me atendeu: a Isabel. Quando ela declamou [de cor] este:

«Há um pequeno sismo em qualquer parte
ao dizeres o meu nome.
Elevas-me à altura da tua boca
lentamente
para não desfolhares.
Tremo como se tivera
quinze anos e toda a terra
fosse leve.
Ó indizível primavera».

Arrepiei-me e fiquei com os olhos rasos de água. A obra deste homem é brutal. De uma beleza, de uma candura absolutamente estonteante.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

do amor:



deixei um pão na segunda gaveta da arca. não te avisei. queria que o comesses: só bebeste o leite. avisei a Paula, mas ela não deve ter-te dito. não te perguntes de onde veio o pão: veio do meu coração. já fermenta há demasiado tempo e eu a rezar para essa merda queimar, mas está bom de se ver que só vai congelar. espero que a congelação se cinja ao pão.

do amor:



fiz-te sopa. a puta do voltaren vai dar-te cabo de tudo e eu vou sempre preocupar-me contigo, mesmo de longe. mas, alguém a levou por mim. não há problema: comi-a. gostava mesmo era de comer, mastigar, triturar este sentimento que tenho por ti. mas, já percebi que só o tempo o conseguirá. não vou perder o foco: esquecer-te.